Angelique Kerber tornou-se a nova número 1 do mundo, aos 28 anos de idade
Arnaldo Grizzo em 11 de Maio de 2017 às 11:15
Mas as semelhanças entre elas param aí. Sabine, destra, sempre teve um estilo de jogo agressivo. O saque é sua principal arma – tendo registrado o serviço mais rápido da história entre as mulheres, em 2014, com 210,8 km/h. Já Angelique, canhota, sempre apresentou um jogo mais defensivo, de contra-ataque, porém bastante eclético. Sabine logo se destacou, especialmente nas quadras de grama de Wimbledon. Em 2013, chegou à final, mas acabou perdendo para a francesa Marion Bartoli.
Desde então, seu jogo parece que estancou e decaiu. A ascensão de Kerber ocorreu em época semelhante, quando chegou à semifinal do US Open de 2011 e de Wimbledon no ano seguinte. Mas, assim como a compatriota, depois disso, seu jogo também parecia decair. No entanto, tudo mudou em 2016.
Já são 13 anos de Angie no circuito. Natural de Bremen, na Alemanha, filha de pai polonês e mãe alemã, ela debutou na WTA em 2003, aos 15 anos. Em 2007, já estava entre as 100 melhores do mundo, mas somente em 2010 se firmou entre as top 50. Em 2012, apareceu na lista das 10 melhores, mas o sonho de criança, o posto de número 1, apesar de perto, parecia longe demais, ainda mais tendo rivais como Serena Williams, Maria Sharapova, Agnieszka Radwanska e Simona Halep, que sempre tinham melhores resultados que ela nos Grand Slams.
Em 2016, porém, poucos dias após completar 28 anos, tudo mudou. Ela conquistou o Australian Open diante de Serena Williams. A campanha impressionante, porém, quase foi por água abaixo logo no começo, quando a alemã precisou defender match-point na estreia contra a japonesa Misaki Doi. Nada promissor. No entanto, aproveitando-se de uma “chave aberta”m Kerber foi longe, ganhou confiança e conseguiu o impensável, vencer Serena na decisão.
Os meses seguintes, contudo, pareciam mostrar que a vitória na Austrália havia sido acidental, especialmente depois da derrota na primeira rodada em Roland Garros. Porém, em Wimbledon, a alemã fez nova campanha brilhante e, mais uma vez, encarou Serena na final. Desta vez, a norte-americana levou a melhor. O bom momento seguiu e Kerber ficou com a prata nas Olimpíadas, perdendo para a porto-riquenha Monica Puig.
Na semana seguinte, em Cincinnati, nova derrota na final, desta vez para a tcheca Karolina Pliskova. No entanto, no US Open, a vitória lhe sorriu mais uma vez, dando o troco em Pliskova na decisão. Aos 28 anos, ela se tornou a tenista mais velha a alcançar o topo do ranking pela primeira vez.
Segundo Kerber, a grande mudança em seu jogo, além da confiança adquirida com a experiência e as vitórias, foi quando passou a agredir mais as adversárias. Até então, seu estilo era predominantemente defensivo, de contra-ataque, usando o peso da bola das oponentes contra elas mesmas.
Atualmente, porém, além do bom jogo de defesa, a alemã é expert nas viradas de bola, colocando as rivais para correr de um lado para o outro da quadra, mesmo diante de trocas bastante forçadas. Ela é capaz de realizar bolas anguladas incríveis, abusando da habilidade no pulso. Uma análise mais detalhada dos golpes de Kerber faz com que se tenha uma sensação estranha.
Algo parece errado, mas não sabemos dizer o que seria. Ao saber que ela na verdade é destra, mas joga com a mão esquerda, coloca-se um pouco de luz na questão e entende-se a mecânica especialmente do forehand. Desse lado, ela é capaz de disfarçar bem a batida, mudando de direção e efeito sem que a oponente se dê conta. Aliás, um de seus golpes característicos é o forehand de batepronto mudando a bola de direção, da cruzada para a paralela ou o contrário.
Angie realiza esse golpe com perfeição. Primeiramente, ela dobra os joelhos quase sentando na quadra, baixando o centro de gravidade para poder usar toda a força da bola adversária. Em seguida, realiza um movimento rápido que atira a bola na direção desejada, sem dar tempo para que a rival esboce reação e possa alcançar a bola em plenas condições.
O que teria motivado a mudança no jogo de Kerber nesse tempo? Segundo ela, não foi nada na parte técnica, tampouco mental. Ela afirma que tudo se resume aos treinos. “Passei a trabalhar muito duro”, acredita. Ela revela ainda que passou uma temporada com Graf logo após a conquista do Australian Open.
A compatriota, ídolo de sua infância, teria “removido suas dúvidas”, mas não diz como. O fato é que, apesar de aparentemente nada ter mudado muito em seu jogo, tudo mudou – misteriosamente alguns diriam –, e isso a transformou na número 1 do mundo.
1a rodada Polona Hercog (SLO) 6/0, 1/0 e desistência
2a rodada Mirjana Lucic-Baroni (CRO) 6/2 e 7/6(7)
3a rodada Catherine Bellis (USA) 6/1 e 6/1
Oitavas Petra Kvitova (CZE) 6/3 e 7/5
Quartas Roberta Vinci (ITA) 7/5 e 6/0
Semifinal Caroline Wozniacki (DEN) 6/4 e 6/3
Final Karolina Pliskova (CZE) 6/3, 4/6 e 6/4