Treine para pensar pouco durante a ação

Prestar muita atenção aos detalhes de um movimento rotineiro pode ser desastroso

Sian Beilock em 11 de Agosto de 2016 às 10:30

Há duas Olimpíadas passadas, em Pequim-2008, a ginasta norte-americana Alicia Sacramone se aprontou para competir na barra de equilíbrio. As equipes dos Estados Unidos e da China estavam lutando pelo ouro na final por times, e a pressão estava sobre Alicia na hora de cravar seus movimentos. No entanto, quando ela estava pronta, os juízes ainda não estavam. Ela teve que esperar um pouco antes de receber o sinal verde para subir na barra. Uma vez que começou os movimentos, ela não foi bem. Sacramone caiu logo no salto inicial e teve de começar do chão. As deduções de nota devido a isso custaram o ouro à sua equipe.

Ao contrário da ginástica, o tênis não é um esporte em que os jurados freiam um atleta que está pronto para começar sua rotina. Tenistas não precisam de ninguém que lhes diminua a marcha. Geralmente, fazemos isso a nós mesmos. Quando um jogo está tenso, frequentemente levamos um tempo maior entre os saques. Esse tempo extra não apenas nos dá a oportunidade de nos preocuparmos em fazer besteiras, ele também nos leva a pensar demais.

Pensar demasiadamente em nossas ações pode nos impedir de realizá-las, especialmente se estivermos executando, por exemplo, um saque que treinamos com perfeição. Quando enfatizamos cada detalhe do que estamos por fazer, alteramos nossa rotina normal, que pode levar a um toss mal feito, a ter os pés dessincronizados, um mal contato com a bola ou então tudo isso junto.

Pesquisadores usando scanners cerebrais descobriram que, quando as pessoas começam a pensar sobre os movimentos que eles dominam, o córtex pré-frontal (a parte da frente do cérebro, que fica sobre os olhos e é a fonte de nossa consciência) começa a tentar dominar a ação. O córtex préfrontal não é quem faz a maior parte do trabalho quando estamos desempenhado atividades bem treinadas; em vez disso, essas atividades normalmente acontecem inconscientemente. Quando nos damos muito tempo para pensar, o córtex préfrontal toma conta e estraga o que deveria ser deixado em paz.

Controlando a mente
Uma boa notícia é que há medidas que podem ser tomadas para prevenir esses tipos de lapsos. Por exemplo, limitar o tempo entre os pontos pode ajudar. Meu time de pesquisa mostrou que golfistas talentosos tendem a fazer seus putts de melhor forma quando os pressionamos a fazê-los mais rapidamente. Obviamente, jogadores novos precisam de todo o tempo do mundo para pensar sobre o que querem fazer, pois prestar atenção aos detalhes é importante quando estamos aprendendo as ferramentas do jogo. Mas, uma vez que a habilidade está bem treinada, muito tempo - que lhe dê muito tempo para prestar atenção aos detalhes - pode ser um coisa ruim.

Também ajuda se você tiver uma rotina curta antes do saque. O golfista Aaron Baddeley, por exemplo, contava até quatro a partir do momento em que ele coloca o taco no chão até o momento em que bate na bola. Assegure-se de que sua rotina antes do saque é curta e isso poderá ajudá-lo a colocar bem aquele serviço na hora importante do jogo.

Todos ouvimos que "a pressa é inimiga da perfeição". Porém, às vezes, a pressa, na verdade, ajuda na perfeição. Então, da próxima vez que você estiver em um ponto importante, não perca muito tempo se traumatizando com seu saque. Em vez disso, incite a si mesmo a jogar este ponto como se fosse um ponto qualquer, e apenas jogue.

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