Continuar focado e abstrair algum detalhe irritante é essencial
Sian Beilock em 1 de Fevereiro de 2016 às 16:44
No fim do segundo set da tão aguardada semifinal do US Open 2009, Serena Williams foi para o saque contra Kim Clijsters. Serena já tinha perdido o primeiro set por 6/4 e você sabe o que aconteceu em seguida: uma juíza de linha chamou foot-fault. A chamada, em um momento em que o jogo estava avançado, enervou Serena, que se aproximou da juíza ameaçando com a bola na mão e gritando. Esse acesso de fúria lhe custou US$ 10 mil, o ponto – que era o final – e, com isso, a partida.
Não é segredo que quando nos encontramos em situações de estresse, nossa habilidade de inibir nossas emoções pode ficar prejudicada. Mas, por quê? Uma das razões é que, sob pressão, nosso córtex pré-frontal para de trabalhar da maneira como deveria. Essa parte realmente frontal do nosso cérebro é a principal fonte dos nossos poderes inibidores. Geralmente, o córtex pré-frontal nos ajuda a manter o que queremos em mente e o que não queremos fora dela – em parte, mantendo os centros emocionais do nosso cérebro (como a amídala) em cheque.
Quando perdemos a calma ou dizemos algo que não deveríamos em momentos de estresse, geralmente é um sinal de que nosso córtex pré-frontal não é capaz de regular nossas emoções da maneira como ele geralmente faz. Como o córtex se desenvolve bem durante a fase pós 20 anos, as crianças frequentemente têm problemas para manter suas emoções sob controle. Sob pressão, o cérebro adulto pode regredir a um estado de como era quando criança.
Felizmente, há algumas coisas simples que se pode fazer para prevenir esses acessos depois de uma marcação errada, sendo você um adulto que às vezes age como criança ou uma criança que necessita de tudo o que o controle de inibições pode proporcionar. A primeira é parar sua reação – andar em outra direção por um instante. Depois da chamada de foot-fault, Serena, na verdade, começou a se preparar para o próximo saque antes de parar e ir em direção à juíza de linha. Ela poderia ter tido uma melhor reação caso tivesse se afastado da linha de saque e parado por um momento.
Dar um passo atrás ajuda as pessoas a verem o problema de uma nova perspectiva, o que pode abastecer nossa habilidade de controlar nossas emoções. Tenha em mente que, nesse passo atrás, você não quer se focar demasiadamente nos detalhes do seu próximo saque, pois ter tempo de debruçar sobre as minúcias dos seus movimentos pode ser uma coisa ruim. Porém, quando você sente um ataque de cólera surgindo, dar um passo atrás e se focar, digamos, na próxima estratégia (por exemplo, onde você vai jogar a próxima bola para ganhar o controle do ponto), pode ajudar sua mente a se livrar dessa marcação ruim ou de um erro irritante que você cometeu.
Depois, só o fato de saber que o seu controle de inibições pode ficar comprometido sob pressão e que você pode se tornar mais reativo pode, na verdade, fazê-lo menos apto a perder a calma. Quando nos tornamos capazes de interpretar nossas reações como elas são – um córtex pré-frontal fora do prumo é preferível a uma raquete estraçalhada como resposta que é justificada por qualquer coisa que nos ultrajou –, nossas emoções ficam menos propensas a tirar o que há de melhor em nós. Verifica-se assim que conhecimento é poder no calor da batalha.