Por Christian Burgos em 20 de Fevereiro de 2020 às 13:48
Divulgação CBT
Participo do tênis brasileiro (da lateral da quadra) desde 2006, quando comprei a revista Tênis. Neste mês, soube como todos, que a CBT tem um novo patrocinador master, o banco BRB. Mais uma conquista e tanto da gestão de Rafael Westrupp como presidente da CBT.
Para a maioria a manchete são os 2 milhões de reais investidos no tênis brasileiro em 2020. Entretanto, para mim, a manchete é o fato deste recurso não ser ligado a nenhum projeto de lei de incentivo.
Desde 2012, a CBT por vontade própria não faz projetos com base na lei de incentivo ao esporte. Westrupp assumiu e manteve este caminho.
Nos últimos anos os recursos incentivados se tornaram o tubo de oxigênio do esporte, com grandes empresas apoiando apenas “projetos incentivados” de federeções, confederações, ONGs, institutos, etc.
Mas quem coloca o dinheiro em um projeto incentivado não é a empresa. O patrocinador é o Estado, na verdade é toda a população que paga impostos.
Uma boa iniciativa se desvirtuou, e tantos se apresentam como salvadores da pátria, enquanto colocam milhões em dinheiro do povo em seus projetos de estimação, ou suas próprias ONGs.
Investimentos em marketing direcionados ao esporte e cultura minguam na medida em que as empresas assumem o incentivado como “seu” único orçamento de marketing. Não se trata de algo ilegal (sempre que os projetos forem realizados com transparência e ética, fiscalizados e aprovados). As empresas têm mesmo que aproveitar todas as oportunidades legais à sua disposição. Ainda mais se você, como eu, acredita que o Estado é perdulário e um péssimo alocador de recursos.
Anúncio oficial do novo patrocínio durante a Fed Cup, em Florianópolis
Na minha opinião os projetos incentivados deveriam ser do tipo participativo. Assim a empresa que “aporta X” em impostos (dinheiro da população) deveria aportar “Y” de seu próprio dinheiro. Com “Y” menor, quanto maior a contribuição social do projeto, e quanto menor sua capacidade de se autofinanciar, e até mesmo lucrar. Assim à medida que os projetos ganham força de marketing vão liberando orçamento “incentivado” para fomentar outros projetos, ciente de que alguns são essencialmente sociais e não se tornarão autossuficientes nunca. O que importa é ter “justiça e eficiência social” também nestes investimentos.
Por isto valorizo os 2 milhões do BRB mais do que 10 milhões de recursos incentivados, e espero que seu investimento no tênis retorne muitos milhões de reais em visibilidade, reforço de marca e novos negócios. Isso é o verdadeiro incentivo que vai colocar a máquina do esporte funcionando como deve.
Christian Burgos é publisher da Revista Tênis e Conselheiro da Confederação Brasileira de Tênis