Da redação em 16 de Setembro de 2011 às 05:22
Em uma parceria com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o Ministério do Esporte e o seu ex-técnico Larri Passos, Gustavo Kuerten participa de um projeto de formação de jogadores voltado aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Com a meta de multiplicar os representantes do país no top100, Guga cita o futebol como exemplo e conta que se sente como um empresário. "É fundamental identificar quem é útil em cada função. O João Zwetsch é parte da Copa Davis e tem que fazer parte. Já o Larri é a melhor mão-de-obra do Brasil. Eu posso ajudar internamente e atrair mais gente capaz para o projeto. É como se fosse montar uma empresa. Estou fugindo bastante do tênis, mas tenho o know-how. Sei, por exemplo, que um jovem de 15 anos pode ter defeitos e isso é normal, não precisa se apressar", explicou.
Com uma verba de aproximadamente R$ 2 milhões, o projeto contará inicialmente com 14 jogadores, entre eles as principais promessas, como Tiago Fernandes, Guilherme Clezar e Beatriz Maia, além de tenistas mais experientes, a exemplo de João "Feijão" Souza e Rogério Dutra da Silva. Ao falar sobre o objetivo de povoar o top100, o tricampeão de Roland Garros citou o futebol.
"O objetivo seria criar um mecanismo que mantivesse quatro ou cinco jogadores entre os 100 melhores do mundo, que todo mundo que passasse por esse programa chegasse a estar entre os 100 melhores ou pelo menos se aproximasse disso. Estamos trazendo mais possibilidades de evitar o desperdício de talentos e o Brasil tem uma grande massa de pessoas. De cada 10 crianças, nove escolhem o futebol. Se 0,1% são craques, já é suficiente", comparou.
Um dos pilares do movimento que derrubou Nelson Nastás da CBT, Guga resolveu se aliar à gestão encabeçada por Jorge Lacerda. Além de contribuir com a estratégia do projeto, o ex-líder do ranking da ATP procura usar seu prestígio mundial para romper a resistência de pessoas e entidades com potencial para contribuir.
"Se você coloca um cara para falar, mesmo tudo sendo verdadeiro, não tem certeza que o negócio vai vingar. As pessoas me escutam e ainda dão margem: 'estou receoso, mas pode contar comigo'. Tenho certeza que o Jorge não conseguiria pegar a CBT e fazer esses elos que estou formando. No Brasil, vivemos uma série de decepções com confederações. Os atletas e treinadores têm isso dentro deles. Cabe a mim quebrar", explicou.
O desejo de Guga é que todos os tenistas, do infantil ao profissional, enxerguem a CBT como um ponto de união. Nos últimos anos, ele detectou uma melhora na estrutura do tênis brasileiro, consequência do trabalho desenvolvido pela entidade e do sucesso de Thomaz Bellucci no circuito, na opinião do ex-jogador. A partir do que já existe, ele espera causar mudanças definitivas.
"Chegou o momento de trazer algo que possa mudar verdadeiramente. Mas ainda é um desafio muito grande e o essencial é aglutinar as forças", afirmou Guga, que fez contato pessoalmente com entidades que investem na modalidade. "Esse é um projeto pontual, vai ser muito útil e é uma ação bastante positiva para poder começar. Procuramos pensar em coisas boas que provoquem outras mobilizações".
Além de investir nos jogadores, Guga quer capacitar os treinadores para formar novos talentos. Como exemplo, o ex-tenista citou a Espanha, que tem três representantes no top10. "Precisamos de 20, de 30 bons treinadores. Não pode ser só o Larri Passos e o Ricardo Acioly. Na Espanha, eles têm 50 bons treinadores e por isso os jogadores saem mais facilmente", concluiu.
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ESPECIAL: O protagonista narra sua história - Em comemoração aos 10 anos do tricampeonato de Gustavo Kuerten em Roland Garros, a Revista TÊNIS preparou um especial com relatos da conquista e depoimentos exclusivos do tenista que mudou a maneira de se jogar no saibro (Confira!)