Arena montada na praia carioca recebeu o Masters da Copa Petrobras. Os brasileiros ficaram a ver navios. Cañas surfou mais esta onda
Da redação em 15 de Janeiro de 2007 às 15:48
Thiago Alves |
Flávio Saretta |
Gustavo Kuerten |
No fim, mais um triunfo argentino e mais uma vez de Guillermo Cañas, que já havia vencido três etapas e ganhou mais esta, provando que está um nível acima dos demais que também disputaram o evento. Nem seus compatriotas Diego Hartfield e Sergio Roitman lhe fizeram frente.
Os brasileiros, Flávio Saretta, Thiago Alves, André Ghem e até mesmo Guga, foram meros coadjuvantes. O único que exigiu algo de Cañas foi o marroquino Younes El Aynaoui, de 35 anos, que apesar das tentativas infrutíferas de voltar a jogar entre os 100 primeiros da ATP nos últimos dois anos, demonstrou grande habilidade e conquistou o público.
A presença de Guga também foi um atrativo em Copacabana. A platéia que compareceu ao evento (a entrada era franca) viu o catarinense lutando contra os adversários e contra a sua própria falta de ritmo. Nem o momento difícil do tricampeão de Roland Garros, que tenta voltar à sua melhor forma, afastou sua legião de fãs. Porém, o apoio da torcida não foi suficiente para que ele alcançasse a final do torneio.
CHUVA E SOL
Desta vez, prevenindo-se do que aconteceu em 2005 (quando a chuva quase acabou com a tão aguardada exibição entre Martina Hingis e Anna Kournikova, no Desafio Petrobras), a arena - com capacidade para sete mil pessoas - recebeu uma cobertura que garantiu o bom andamento das partidas independentemente do clima. E a quadra novamente foi montada sobre a areia, que semanas antes havia abrigado o Mundial de Beach Soccer. A precaução se mostrou acertada, pois São Pedro resolveu castigar a orla carioca durante alguns dias e, com certeza, teria atrapalhado o torneio.
Mas se a organização não quis depender das incertas previsões do tempo, não houve ciência que não antevisse a vitória de Cañas. Mesmo cansado da viagem de Moscou - ele foi reserva na derrota da Argentina na final da Copa Davis contra a Rússia -, o ex-número oito do mundo chegou disposto a mostrar porque alcançou tal posição no ranking. Consistente nos golpes de fundo, ele só foi ter trabalho na final, diante de El Aynaoui, que ganhou um set e forçou a decisão no supertiebreak. Na verdade, o portenho ainda precisou dar uma certa catimbada para esfriar o marroquino e vencer.
Esta conquista de Cañas é um reflexo do tênis sul-americano. Se tomarmos por base apenas os três anos de Copa Petrobras, com 16 torneios Challengers, veremos que nove foram vencidos por argentinos (entre eles os cinco de 2006) e apenas dois por brasileiros. Os demais ganhadores foram um equatoriano, um paraguaio, um austríaco, um espanhol e um sérvio. A Argentina ainda levou mais quatro vice-campeonatos e o Brasil três - Equador tem quatro, Áustria e Sérvia têm dois e Espanha um.
Devido a este excelente aproveitamento, nossos vizinhos terminaram a temporada 2006 com nove tenistas entre os top 100 e 15 na faixa dos 100 até 300 - que são os jogadores que geralmente disputam eventos de nível Challenger. Enquanto isso, além de ficar sem ninguém entre os 100 primeiros, o Brasil encerrou o ano apenas com nove heróis entre os top 300.
Tomara que este quadro comece a mudar, pois, apesar de a Petrobras ser gigantesca e utilizar muito bem o tênis para consolidar sua imagem entre os países da região, não é fácil para o torcedor comum ver os tenistas argentinos lucrando com os eventos patrocinados pela empresa brasileira.
Para se ter uma idéia, somente em premiação aos jogadores a petrolífera já investiu US$ 1,025 milhão nestes três anos de sua Copa (sendo US$ 300 mil em 2004, US$ 350 mil em 2005 e US$ 375 mil em 2006). Os tenistas brasileiros esperam ansiosamente abocanhar uma fatia maior deste bolo em 2007.
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