É possível viver o tênis competitivo longe dos torneios profissionais
Por Alexandre Bonatto em 9 de Abril de 2017 às 10:34
Sempre sonhei em ser um jogador profissional e estar entre os melhores. Por diversas vezes, achei que chegaria perto, mas a vida de um tenista não é nada fácil. Comecei minha carreira aos 8 anos. Aos 16, tornei-me número 1 do Brasil no ranking juvenil. Sempre tive muito prazer em jogar, adorava a competição. Mesmo com a pressão dos jogos, eu era muito feliz.
Com 18 anos, consegui jogar os Grand Slams juvenis na chave principal, a partir dos 19, ingressei na carreira profissional na ATP. Os torneios sempre foram bons. A parte do treinamento, com certeza, é muito difícil. No primeiro ano, deparei-me com um grande desafio, que acabou se tornando a pior frustração da minha carreira.
Era um dia bonito em Monterrey, no México, estava prestes a ganhar meu primeiro título profissional, estava muito confiante, a carreira estava prestes a deslanchar. Do outro lado estava o atual duplista, Marcelo Melo. Eu estava ganhando por 6/1 e tinha 6 a 0 no tiebreak do segundo set, mas não estava entendendo o que estava acontecendo. Foram seis match-points perdidos e ali vi meu título escapar. A partir daí, minha cabeça ficou confusa, demorei dois anos para recuperar a confiança.
Demorei anos para entender que existe medo de perder, mas também existe medo de ganhar, o medo do novo, a pressão tomou conta de mim. Fiquei três meses sem jogar e quase abandonei o tênis. Em 2009, cheguei no meu melhor ranking, mas a falta de incentivo e o pouco retorno financeiro me desmotivaram. Foi quando comecei minha carreira de treinador. Encontrei nesse trabalho uma forma de usar minha experiência para ajudar o tênis brasileiro.
A vontade de competir novamente despertou em mim quando fui chamado para jogar um torneio com premiação em dinheiro e fiz a final com Fernando Romboli que, naquele momento, estava em ótima forma. Desde então, tenho tido uma rotina de treinamento para os torneios fora do circuito (uma competição por mês, pelo menos). Com dedicação e coragem, elevei meu nível de tênis novamente, superei alguns colegas de circuito e tenho conseguido sobreviver assim.
Os torneios de grana são uma ótima opção para quem quer jogar em alto nível. Financeiramente é muito bom, mas seria impossível retornar a essa rotina sem a paixão pelo tênis. A emoção é o fator principal. Sem estar ranqueado. Posso dizer que sim, existe vida além do circuito profissional.