Especialista em dados, Craig O'Shannessy apontou a devolução do fundo de quadra como um dos trunfos do espanhol no piso
Da redação em 7 de Abril de 2019 às 11:48
Foto: Divulgação/Roland Garros
O espanhol Rafael Nadal é sem dúvidas o mais proficiente tenista em quadras de saibro da história do circuito masculino de tênis. Dono de nada menos 57 títulos no piso, incluindo 11 troféus em Roland Garros, ele é considerado o homem a ser batido anos após ano.
Mas o que explica tal sucesso? As respostas para esse mistério são diversas, mas segundo um levantamento da ATP Tour feito por Craig O'Shannessy, membro da equipe do sérvio Novak Djokovic, um dos motivos está em seu estilo de devolução dos serviços dos adversários, caracterizado pelo posicionamento bem atrás das linhas de saque.
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"É uma estratégia extrema, que outros jogadores raramente empregam no mesmo grau, mas faz maravilhas para o espanhol", começa a matéria, que para adquirir os dados do estudo, analisou 20 partidas do número #2 do mundo no piso entre 2017 e 2018. No período, o canhoto de 33 anos venceu 18 e perdeu apenas duas, ambas para o austríaco Dominic Thiem, outro jogador que se especializou neste tipo de defesa.
O primeiro dos motivadores do tamanho sucesso de Nadal com esse golpe está no maior número de devoluções dentro de quadra que ele é capaz de colocar em relação a seus adversários. "Quando Nadal joga atrás, o saque naturalmente chega mais lento do que para os tenistas que devolvem perto da linha de base. Nadal também consegue fazer contato com a bola a uma altura menor. Tudo isso resulta em mais retornos dentro de quadra", diz o texto. Rafa devolveu 84,1% dos saques feitos com o primeiro serviço contra 79,4% dos oponentes. Já o segundo saque apresentou 90% para o espanhol e 85,2% para os adversários.
Foto: Divulgação/Roland Garros
Com mais bolas devolvidas, Nadal utiliza uma tática interessante. Após mandar a bola de volta para o adversário, ele parte logo em seguida para a linha de base, de onde consegue atacar com mais eficiência. Deste modo, ele consegue vencer mais pontos nos games dos adversários e, assim, conseguir mais quebras.
No período de 20 partidas analisadas, Rafa venceu 44,7% dos pontos disputados com os saques dos adversários, muito acima dos 31,1% alcançados por estes. No segundo serviço a diferença também é gritante, com 52,4% de bolas ganhas pelo jogador de Maiorca contra 33,2% dos oponentes.
O'Shannessy aponta, entretanto, que a tática não deve ser necessariamente seguida por outros jogadores, já que cada tenista pode ter suas peculiaridades físicas e técnicas. "A beleza do nosso esporte é que existem muitas maneiras diferentes de ser bem-sucedido, e o que funciona incrivelmente bem para um jogador pode não ser uma boa opção para outro", finaliza.