Há 20 anos o mundo conhecia o 'manezinho' Gustavo Kuerten

Em um mundo ainda sem televisores smart, smartphones e internet popularizada, Guga conquistou a França, o Brasil e o mundo

Por Rodrigo Soares em 8 de Junho de 2017 às 16:24

Um país ainda recém-órfão da perda de seu ídolo maior Ayrton Senna sentou em frente à televisão naquela manhã de 08 de junho de 1997. Um manezinho de cabelos rebeldes, uniforme espalhafatoso, sorriso fácil e carisma inquestionável entra na quadra central do Complexo de Roland Garros para disputar a primeira final de um brasileiro em Grand Slam desde que a lenda Maria Esther Bueno ganhara o U.S.Open de 1966, em cima da tenista da casa Nancy Richey. Apenas a segunda vez que um brasileiro decidiria o título do Aberto da França, após o vice-campeonato da nossa Maria Esther frente à australiana Margaret Court.
 
Provavelmente Gustavo Kuerten nem soubesse desses detalhes que faziam aquele momento ainda mais especial para o tênis e para o povo brasileiro. Mesmo sendo um esporte sem grande apelo popular na época, pelo menos naquele domingo e depois em mais algumas dezenas deles, lembramos da sensação de acordar para ver um brasileiro vencer, ter sucesso, levar a bandeira do país ao lugar mais alto de um pódio. 

O caminho até ali tinha sido espinhoso. Vitórias sobre o último campeão (Kafelnikov-1996) e sobre o penúltimo campeão e uma das lendas do saibro em todos os tempos (Muster-1995). Agora, para fechar a trilogia de duelos contra campeões no “barro sagrado francês”, aquele moleque magricelo precisaria despachar o bicampeão de 1993/1994, o espanhol Sergi Bruguera. 
 
A partida, que prometia ser muito difícil, foi a mais tranquila de todo o torneio. Guga dominou a partida, impecável nas trocas de bola, e usando seu backhand acima da média para minar Bruguera, que não conseguia encontrar resposta para a volúpia e precisão do brasileiro. Os números não deixam dúvidas sobre quem foi o melhor na partida. As parciais foram de 6-3,6-4 e 6-2, em uma hora e cinquenta minutos de final.
 
Gustavo Kuerten conseguiu incríveis seis quebras de saque em cima de Bruguera e só cedeu seu saque uma vez para o espanhol. Foram 4 aces de Guga e apenas um de Bruguera. A disparidade de games (18 a 9) e de pontos ganhos (116 a 85) também ilustram como apenas um tenista entrou de fato na quadra naquele domingo ensolarado na Cidade-Luz. 
 
Mais que os números, os feitos do manezinho foram impressionantes. Primeiro tenista a conquistar seu primeiro título profissional em um Grand Slam, apenas o terceiro jogador a ser campeão em Roland Garros sem ser cabeça de chave (o francês Marcel Bernard, em 1946, e o sueco Mats Wilander, em 1982, foram os outros dois). 
 
Campanha de Guga em RG 1997:
 
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