Tipos de devolução

Após as primeiras dicas básicas, agora é a vez de aprender como executar cada tipo de resposta (de bloqueio, slice, ofensivas e variadas) e entender para que elas servem


NA EDIÇÃO ANTERIOR , apresentamos os pontos técnicos e estratégicos básicos para executar uma boa devolução de saque. Falamos sobre a posição inicial, split step, empunhadura, preparação, contato, terminação e outros princípios fundamentais que devem ser levados em conta na hora de responder um serviço. Agora, neste mês, vamos mostrar como fazer cada tipo de devolução, com bloqueios, slices, respostas ofensivas e variadas. Além disso, explicamos os apoios e as técnicas de “jump shot” e “power step”, que podem ser usadas e aprimoradas.

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DEVOLUÇÕES DE BLOQUEIO – Como vimos na edição anterior, a devolução de saque bloqueando a bola é a mais indicada para devolver saques rápidos, especialmente os chapados, contra jogadores de fundo de quadra. Como a devolução em forma de bloqueio não gera potência, mas, sim, aproveita a velocidade da bola do sacador, ir para trás não é uma boa opção, pois você aumenta a quadra e precisa gerar força para que a bola passe a rede. Ao invés disso, ao ir para frente você aproveita melhor a força do saque e fecha mais os ângulos laterais.

Empunhadura – preferencialmente a Continental, bem neutra, facilita a devolução em bloqueio dos dois lados.

Swing – a preparação do golpe é bem curta, como um voleio.

Contato – sempre à frente do corpo, o mais cedo possível.

Terminação – o movimento, como o nome do tipo de devolução indica (bloqueio) é curta, travada e firme.

Execução – inicie com a posição inicial que lhe for mais conveniente. Observe o toss do sacador. Se estiver em cima da cabeça, isso confirma um saque flat e aí você inicia o processo pré-definido de bloquear o saque. Sendo assim, realize o split step defensivo para frente (fechando os ângulos) e utilize os apoios neutros (ou seja, perna esquerda em diagonal para frente para a devolução de direita e o contrário para o outro lado (veja mais detalhes no tópico: Apoios). O apoio neutro é o que melhor centraliza a força do corpo nesta situação. Um bom alvo para a resposta em bloqueio é o centro da quadra, o mais profundo possível. Como vimos no mês anterior, evite as paralelas neste tipo de devolução para não abrir ângulos para o primeiro golpe do adversário, que sempre será de ataque após um primeiro saque chapado.

DEVOLUÇÕES DE SLICE – Muito indicada para devoluções de backhand, especialmente em quadras rápidas em que as bolas sobem menos ao quicar no chão. É uma excelente opção contra jogadores de saque-e-voleio, pois abaixa a bola. Mas também funciona contra jogadores de fundo, principalmente se o seu objetivo for forçar seu adversário a iniciar o ponto de forma menos agressiva. É uma ótima opção para neutralizar a estratégia do saque quique aberto para dominar o ponto com a direita (mostrado na edição 54 pelo técnico Ricardo Acioly), já que um bom slice é uma bola difícil de atacar. Se seu nível é iniciante ou intermediário, este tipo de devolução vai ajudar muito a conseguir uma quebra de saque.

fotos: Arnaldo Grizzo

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Empunhadura – use a mesma que você sempre utiliza para seu slice.

Split – “leia” o lançamento de bola e posicione-se. Por exemplo, faça o split step ofensivo para frente contra tenistas de saque-e-voleio (para dar menos tempo e diminuir os ângulos) ou para fazer um chip and charge, e, contra os jogadores ofensivos de fundo, execute o ofensivo para trás e “rasgue” o slice de backhand.

Execução – aqui novamente o apoio neutro é o mais indicado (ou seja, perna direita em diagonal para frente). Gire o ombro para a esquerda e corte bem a bola.

DEVOLUÇÕES OFENSIVAS – Esta deveria ser a opção número um para a devolução de segundos serviços, principalmente no feminino. Ela é interessante para jogadores que possuem um bom “timing”, ou seja, têm facilidade em acelerar a raquete ajustando-se rapidamente com a velocidade necessária e golpeiam a bola no ponto exato. Este tipo de resposta também é cada vez mais utilizada para devolver primeiros saques fortes, porém é uma estratégia assumidamente mais arriscada.

Execução – uma boa opção é fazer o adversário saber que será atacado, isso pressiona o sacador. Assim, as melhores opções de posição inicial são as ofensivas de direita e esquerda (explicadas na edição 55). Nas quadras rápidas, o split step ofensivo para frente é o mais indicado. No saibro, o split step ofensivo para trás é muito eficiente.

No primeiro caso, usa-se uma preparação mais curta. No segundo, o objetivo de ir para trás é ter tempo para realizar um movimento (swing) longo, para gerar potência na batida.

Nas quadras rápidas, com split step para dentro da quadra, as devoluções chapadas são a melhor opção. No saibro, por estar mais atrás da linha de fundo, um top spin bem acelerado, firme, ao estilo Guga, vai muito bem.

Aqui, o apoio de pernas é o que você usa em seus golpes mais agressivos, seja “open stance” (aberto) ou neutro. O golpe pode sair melhor se for executado com “semi open” (semi-aberto). Porém, devido às variações de velocidade e efeito, o “open stance” resolve quase todos os problemas. Aliás, em todas as outras devoluções, este apoio pode ser a solução para o ajuste de tempo e distância (como no caso de bolas longe do corpo). Hoje ele é usado, inclusive, com backhands de uma mão.

DEVOLUÇÕES VARIADAS – Estas servem para surpreender ou anular ataques. Elas são: os “chip and charge” (retratados na edição número 51), os drop-shots (deixadinhas), os lobs e os spins altos.

As devoluções de “chip and charge”, ou seja, respostas de slice seguidas de subida à rede (ou ainda, devoluções approach), pressionam e surpreendem.

As deixadinhas também surpreendem e servem para forçar os jogadores que possuem muita regularidade de fundo (ou então os agressivos de fundo) a sair de sua zona de conforto (a linha de base). Essa estratégia é pouco utilizada pelas mulheres, mas é muito eficiente no tênis feminino devido aos saques mais curtos e a velocidade de chegada.

O lob é uma opção que não deveria ser esquecida contra jogadores de saque-evoleio, principalmente os que chegam muito rápido perto da rede, tanto em jogos de simples como nas duplas. Nas duplas, contudo, a melhor opção é encobrir o parceiro do sacador, preferencialmente no primeiro saque, quando este deve estar mais próximo à rede. Para lobar o voleador no segundo saque, certifique-se de que ele não recuou muito. Neste caso, o lob tem que ser muito bom ou o seu parceiro será um alvo fácil.

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O spin alto (que muitos chamam de forma pejorativa de “balão”) é uma importante opção técnica e estratégica, pois é eficiente para colocar o adversário para trás, neutralizando seus ataques e abrindo espaços. Como conseqüência, isso pode acarretar erros do oponente, ou bolas curtas, boas para ataques. Estes spins criam uma variação desconfortável para os adversários ofensivos e servem também para dificultar jogadas como deixadinhas depois do saque. Como Andre Agassi dizia: “as pessoas olham os balões e não sabem quão ofensivos eles podem ser...”

fotos: Arnaldo GrizzoAPOIOS – Quando tratamos das técnicas de devolução de saque conseqüentemente falamos sobre um detalhe muito importante, os apoios, ou seja, a posição das pernas para a execução dos golpes. Eles são: “open stance” ou apoio aberto, “semi open” ou semi-aberto e “neutral stance” ou posição neutra.

Os apoios estão diretamente ligados às empunhaduras usadas pelos tenistas. Por exemplo, jogadores que usam Western extremas fatalmente acabarão preferindo o apoio aberto. Já um tenista de estilo mais antigo, que pega com Continental, terá dificuldade se não utilizar um apoio neutro.

APOIO NEUTRO – Esta é a posição tradicional, a mais usada no passado. Nela, o tenista apóia o pé contrário ao lado da batida (esquerdo para direita e vice-versa) na frente do corpo, na maioria das vezes em diagonal com a rede.

APOIO ABERTO – O princípio do “open stance” é conseguir golpear a bola com apenas um giro de ombros, quadril e joelhos, produzindo uma batida mais rápida. Nele, você posiciona a perna do mesmo lado da batida na frente. Em teoria, este apoio parece simples, mas, na verdade, sua técnica é complexa.

APOIO SEMI-ABERTO – Este é o apoio “da moda”. Associado ao aperfeiçoamento da empunhadura Western (a semi-Western), ele compõe o conjunto preferido pela maioria dos técnicos do mundo. A posição das pernas fica como em “L”. com o pé de apoio ligeiramente aberto para fora, paralelo à linha de fundo (quase como “open stance”) e o outro pé está perpendicular à rede. O ponto de contato com a bola é entre os dois joelhos.

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“POWER STEP” E “JUMP SHOT”
Além dos exagerados (mas extremamente eficientes para respostas de saque) “open stances”, alguns detalhes técnicos foram desenvolvidos para ajudar o tenista a gerar potência dentro de algumas circunstâncias, particularidades e necessidades nas devoluções. Entre eles estão o “power step” e o “jump shot”.

Power step – é um passo largo, quase um salto, em direção à bola. Usado pelos grandes devolvedores do tênis masculino e muito indicado (e cada vez mais utilizado) também pelas mulheres.

Execução – após o split step, inicia-se o movimento com apoio semi-aberto, com um giro do tronco, quadril e joelhos. Mas, ao contrário de bater fixo no chão, o jogador impulsiona a perna contrária – ou seja, a esquerda para a batida de direita e a direita para o golpe de esquerda – em um passo largo, vigoroso, gerador de potência, centralizando a força no sentido desejado. Isso deixa o corpo em um ângulo perfeito para devoluções ofensivas e bom para continuar o ponto.

fotos: Arnaldo Grizzo

Jump Shot – esta técnica ficou muito conhecida com o tenista chileno Marcelo Ríos. No início, o jump shot foi criticado e teve muita resistência de treinadores para ser aceito como uma opção técnica. Muitos o consideravam uma “firula”. Porém, ele é bastante trabalhado e ensinado atualmente. Trata-se de um recurso que exige muito do físico, requer impulsão, força de explosão e boa coordenação de movimentos. Da mesma forma que saltar para bater os smashes é difícil e eficiente, os jump shots também o são e servem para nivelar o corpo em bolas altas como saques com efeito quique, balões ou para winners.

Execução – O jogador inicia o salto com a perna do mesmo lado da batida (direita para o forehand e esquerda para o backhand). Ela sobe flexionada e, no momento do golpe, chuta o ar para trás, gerando força para a rotação do tronco. Pratique-o e devolva melhor os saques “quiques” altos, batendo firme e nivelado com a bola.

Carlos Omaki

Publicado em 7 de Maio de 2008 às 11:49


Técnica/Drills

Artigo publicado nesta revista