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WTA Championships, disputado em Istambul, mostrou que teremos muita briga pelas primeiras posições do ranking em 2012


Gett y Images/Julian Finney

DEPOIS DE TRÊS ANOS DE MUITO calor, muito dinheiro e pouco apelo popular em Doha, o WTA Championships encerra sua primeira edição em Istambul renovado. Mais que um estádio lotado nos seis dias de evento, com média de 11.804 pessoas por sessão, o público que compareceu ao Sinan Erdem Dome é muito mais ligado ao tênis que os turistas e convidados que preenchiam grande parte dos assentos no Qatar. Nos cartazes, houve quem se declarasse apaixonado pelos polêmicos gritos de Victoria Azarenka, e quem pedisse a francesa Marion Bartoli em casamento. E até mesmo a árbitra grega Eva Asderaki foi assediada pela torcida turca.

Dentro de quadra, quem esperava por uma acirrada briga entre Caroline Wozniacki e Maria Sharapova pela liderança do ranking assistiu à confirmação de Petra Kvitova como a melhor do ano. Viu também uma renovada Victoria Azarenka, novo jogo, nova cabeça. Além da volta por cima da campeã do US Open, Samantha Stosur que, depois de resultados medianos na gira asiática, voltou a apresentar seu melhor tênis. Sem falar no curioso caso de Vera Zvonareva, que viu sua vaga nas semifinais escorrer pelos dedos quando sofreu a virada de Agnieszka Radwanska, depois de desperdiçar três match-points. Mas, no dia seguinte, assistiu a sua rival falhar estando a um game de garantir um lugar entre as quatro.

A seguir, um compêndio do que de melhor ocorreu com as principais tenistas em 2011.

A MELHOR DO ANO
No ano passado, quando foi semifinalista de Wimbledon, Petra Kvitova (então número 62 do mundo) não atraía muitos olhares. Era uma zebra. E suas convincentes vitórias, com direito a pneu, sobre Victoria Azarenka e Caroline Wozniacki eram vistas como fracassos das favoritas em vez de mérito da tcheca.

Assim, poucos poderiam imaginar que a canhota de 21 anos se tornaria a principal jogadora da temporada seguinte. E também, o grande destaque de sua geração, superando nomes que brilharam antes dela no circuito profissional, com Wozniacki, Azarenka, Radwanska e Wickmayer.

fotos: Getty Images/Julian Finney
Petra Kvitova

Com potentes golpes de esquerda, aliados a uma presença de rede incomum para o atual circuito feminino, saques de quase 180 km/h e as agressivas devoluções tanto no forehand como no backhand, Kvitova é uma máquina de winners. Assim, chegou a seis títulos na temporada e mais a Fed Cup.

Iniciando a temporada na 32ª colocação, Kvitova termina o ano ocupando o segundo lugar, apenas 115 pontos atrás de Caroline Wozniacki. Na Austrália, a disputa pelo topo da lista em janeiro de 2012 pode ganhar um prefácio durante a tradicional Copa Hopman, competição em que as duas estarão no páreo.

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SINAL DE ALERTA
Caroline Wozniacki começou 2011 vestindo amarelo e com o sinal amarelo ligado depois da derrota em dois sets para Dominika Cibulkova e a eliminação logo na primeira fase em Sydney. E ela encerrou 2011 vestindo amarelo novamente e com o sinal amarelo ligado depois da derrota em dois sets para Petra Kvitova e a eliminação logo na primeira fase em Istambul.

Apesar de ser bastante criticada pela falta de um título de Grand Slam, por seu estilo de jogo predominantemente defensivo, a dinamarquesa conseguiu seis títulos no ano (cinco deles no primeiro semestre) e duas semifinais de Slam (em Melbourne e Nova York).

divulgação: WTA/Getty Images
Caroline Wozniacki

Com isso, Wozniacki encerra a segunda temporada consecutiva no topo do ranking e junta-se a um grupo que conta com Chris Evert, Martina Navratilova, SteffiGraf, Monica Seles, Lindsay Davenport, Justine Henin e Martina Hingis. E assim, mesmo sem Slam, entra para a história.

Ron C. Angle/TPL
Victoria Azarenka

FIM DAS "AZARENKICES"?
Por muito tempo, falar em Victoria Azarenka era falar em uma jovem tenista conhecida por suas crises nervosas, choros, brigas com árbitros e raquetes destruídas. Seus potentes golpes de direita poderiam ser mortais não só para as adversárias, mas também para ela mesma, dependendo de seu estado emocional.

Aos 22 anos, Azarenka está mais madura e controla os erros e os nervos. Troca mais bolas e aparece na rede com maior frequência - efeito de um ano e meio atuando em alto nível também no circuito de duplas, ao lado da russa Maria Kirilenko. Aos poucos, a antiga Azarenka vai se tornando exclusividade do Youtube (procure por "Azarenka violations" ou "Vika classy" e divirta-se), para dar lugar a uma nova jogadora.

Para 2012, resta aos fãs a torcida para que ela sofra menos com as lesões, que a fizeram abandonar cinco torneios nesta temporada (Indian Wells, Stuttgart, Roma, Eastbourne e Pequim).

Ron C. Angle/TPL / WTA/Getty Images
Maria Sharapova Na Li

QUASE LÁ
O sonho do bicampeonato de Wimbledon foi adiado, o retorno à liderança também não veio, mas nem por isso o ano deixou de ser especial para Maria Sharapova. A russa voltou a disputar uma final de Slam, a ganhar torneios de expressão (Roma e Cincinnati) e ao top 5 da WTA. Uma lesão no tornozelo esquerdo durante o torneio de Tóquio prejudicou a parte final da temporada. Ainda assim, Maria voltou a sorrir.

O TIGRE, O COELHO E O DRAGÃO
Nos últimos dias do Ano do Tigre (2010/11), Na Li teve a bravura de salvar um match-point diante de Caroline Wozniacki, reverter o placar desfavorável e se tornar a primeira chinesa na final de um Grand Slam. Mas o primeiro troféu veio meses depois, já no Ano do Coelho (2011/12). Depois do título no saibro parisiense, a chinesa caiu de produção e acumulou eliminações precoces. Vejamos o que o Dragão (2012/13) reserva para ela na próxima temporada.

Vera Zvonareva Samantha Stosur

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QUEBRANDO E MANTENDO ESCRITAS
Nas oitavas-de-final do US Open, Samantha Stosur foi personagem do mais longo tiebreak envolvendo duas mulheres em Grand Slam. O set acabou indo para Kirilenko. A vitória, para Stosur - que uma semana depois recolocou a Austrália no mapa das campeãs de Major 38 anos depois de Margareth Court Smith. Em Istambul, Sam quebrou o tabu de nunca ter vencido Sharapova, mas ainda permanece zerada diante de Azarenka, e invicta quando enfrenta Na Li. Como no ano passado, parou na semifinal do torneio que encerra a temporada, perdendo para a campeã.

DISCRETA
É verdade que Vera Zvonareva não conseguiu repetir o desempenho de 2010, ano em chegou a duas finais de Grand Slam consecutivas (Wimbledon e US Open) e à vice-liderança do ranking. Entretanto, é inegável que Zvonareva fez mais uma boa temporada. Foram dois títulos (Doha e Baku), outras duas finais (Carlsbad e Tóquio), além da semifinal de um Major, na Austrália. Mantendo a regularidade ao longo do ano, a russa de olhos azuis encerra 2011 na honrosa sétima posição.

DESENCANTOU
Desde a conquista do Wimbledon juvenil em 2005, muito se esperou de Agnieszka Radwanska. O primeiro título na WTA em Estocolmo 2007, com 18 anos recém-completados e a rápida subida para o grupo das 10 melhores aumentaram ainda mais as expectativas sobre a polonesa. Então vieram as lesões, uma sutil queda no ranking e um período de três anos sem títulos. Aga quebrou o jejum em Carlsbad e, pelo jeito, gostou da coisa. Ganhou os títulos de Tóquio e Pequim, e merecidamente retornou ao top 10.

PARA 2012
- Separadas por menos de 1000 pontos, Wozniacki, Kvitova, Azarenka e Sharapova devem brigar pela primeira posição do ranking desde as primeiras semanas da temporada. Número um do mundo, a dinamarquesa tem a missão de defender as semifinais deste ano. Já Kvitova, que parou nas quartas em Melbourne, perderá os 280 pontos que conquistou em Brisbane por conta da Copa Hopman e deverá chegar ao primeiro Slam do ano com 395 pontos de desvantagem. Correm por fora Sharapova e Azarenka, que caíram nas oitavas do Australian Open 2011.

fotos: Ron C. Angle/TPL
Agnieszka Radwanska Ksenia Pervak

- Kim Clijsters e as irmãs Venus e Serena Williams já provaram que podem jogar em alto nível mesmo depois de longos períodos longe das quadras. Descartá-las do grupo das favoritas nos grandes torneios não é bom negócio.

- OLHO NELAS: Em franca ascensão no circuito, a canhota russa Ksenia Pervak subiu do 97º para o 39º lugar no ranking, com direito ao primeiro título da carreira em Tashkent. Aos 20 anos, Pervak surge como uma das principais candidatas a incomodar os grandes nomes da WTA em 2012. Para a temporada de saibro, é bom prestar atenção na romena Irina Camelia Begu e na eslovena Polona Hercog, que começam a colher bons resultados e atuações nesse tipo de piso.

Mário Sérgio Cruz

Publicado em 16 de Novembro de 2011 às 09:52


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Artigo publicado nesta revista