Guga deu o ar da graça na areia de Copacabana

Arena montada na praia carioca recebeu o Masters da Copa Petrobras. Os brasileiros ficaram a ver navios. Cañas surfou mais esta onda


fotos: Ricardo Ayres/PhotocameraSOL E PRAIA já são sinônimos de tênis no Brasil. A tradição vem de muito tempo, desde os torneios em Itaparica e no Guarujá nos anos 80, até hoje com o Brasil Open na Costa do Sauípe. Sendo assim, para manter esta sinonímia, o Masters da Copa Petrobras - que substituiu o Desafio Petrobras - ocorreu em uma enorme arena montada no meio da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O torneio reuniu os vencedores dos cinco Challengers patrocinados pela empresa petrolífera e mais alguns convidados.

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Thiago Alves
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Flávio Saretta
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Gustavo Kuerten

No fim, mais um triunfo argentino e mais uma vez de Guillermo Cañas, que já havia vencido três etapas e ganhou mais esta, provando que está um nível acima dos demais que também disputaram o evento. Nem seus compatriotas Diego Hartfield e Sergio Roitman lhe fizeram frente.

Os brasileiros, Flávio Saretta, Thiago Alves, André Ghem e até mesmo Guga, foram meros coadjuvantes. O único que exigiu algo de Cañas foi o marroquino Younes El Aynaoui, de 35 anos, que apesar das tentativas infrutíferas de voltar a jogar entre os 100 primeiros da ATP nos últimos dois anos, demonstrou grande habilidade e conquistou o público.

A presença de Guga também foi um atrativo em Copacabana. A platéia que compareceu ao evento (a entrada era franca) viu o catarinense lutando contra os adversários e contra a sua própria falta de ritmo. Nem o momento difícil do tricampeão de Roland Garros, que tenta voltar à sua melhor forma, afastou sua legião de fãs. Porém, o apoio da torcida não foi suficiente para que ele alcançasse a final do torneio.

CHUVA E SOL
Desta vez, prevenindo-se do que aconteceu em 2005 (quando a chuva quase acabou com a tão aguardada exibição entre Martina Hingis e Anna Kournikova, no Desafio Petrobras), a arena - com capacidade para sete mil pessoas - recebeu uma cobertura que garantiu o bom andamento das partidas independentemente do clima. E a quadra novamente foi montada sobre a areia, que semanas antes havia abrigado o Mundial de Beach Soccer. A precaução se mostrou acertada, pois São Pedro resolveu castigar a orla carioca durante alguns dias e, com certeza, teria atrapalhado o torneio.

Mas se a organização não quis depender das incertas previsões do tempo, não houve ciência que não antevisse a vitória de Cañas. Mesmo cansado da viagem de Moscou - ele foi reserva na derrota da Argentina na final da Copa Davis contra a Rússia -, o ex-número oito do mundo chegou disposto a mostrar porque alcançou tal posição no ranking. Consistente nos golpes de fundo, ele só foi ter trabalho na final, diante de El Aynaoui, que ganhou um set e forçou a decisão no supertiebreak. Na verdade, o portenho ainda precisou dar uma certa catimbada para esfriar o marroquino e vencer.

Esta conquista de Cañas é um reflexo do tênis sul-americano. Se tomarmos por base apenas os três anos de Copa Petrobras, com 16 torneios Challengers, veremos que nove foram vencidos por argentinos (entre eles os cinco de 2006) e apenas dois por brasileiros. Os demais ganhadores foram um equatoriano, um paraguaio, um austríaco, um espanhol e um sérvio. A Argentina ainda levou mais quatro vice-campeonatos e o Brasil três - Equador tem quatro, Áustria e Sérvia têm dois e Espanha um.

Devido a este excelente aproveitamento, nossos vizinhos terminaram a temporada 2006 com nove tenistas entre os top 100 e 15 na faixa dos 100 até 300 - que são os jogadores que geralmente disputam eventos de nível Challenger. Enquanto isso, além de ficar sem ninguém entre os 100 primeiros, o Brasil encerrou o ano apenas com nove heróis entre os top 300.

Tomara que este quadro comece a mudar, pois, apesar de a Petrobras ser gigantesca e utilizar muito bem o tênis para consolidar sua imagem entre os países da região, não é fácil para o torcedor comum ver os tenistas argentinos lucrando com os eventos patrocinados pela empresa brasileira.

Para se ter uma idéia, somente em premiação aos jogadores a petrolífera já investiu US$ 1,025 milhão nestes três anos de sua Copa (sendo US$ 300 mil em 2004, US$ 350 mil em 2005 e US$ 375 mil em 2006). Os tenistas brasileiros esperam ansiosamente abocanhar uma fatia maior deste bolo em 2007.

Ricardo Ayres/PhotocameraRESULTADOS

GRUPO A
Sérgio Roitman (ARG) v. André Ghem (BRA) 6/4 e 6/3
Guillermo Cañas (ARG) v. Thiago Alves (BRA) 6/3 e 6/4
André Ghem (BRA) v. Thiago Alves (BRA) 3/6, 6/3 e 10/3
Guillermo Cañas (ARG) v. Sérgio Roitman (ARG) 6/3 e 6/3
Sérgio Roitman (ARG) v. Thiago Alves (BRA) 6/4 e 6/3
Guillermo Cañas (ARG) v. André Ghem (BRA) 6/1 e 6/3

GRUPO B
Flávio Saretta (BRA) v. Diego Hartfield (ARG) 6/2 e 6/1
Younes El Aynaoui (MAR) v. Gustavo Kuerten (BRA) 6/3 e 6/2
Younes El Aynaoui (MAR) v. Flávio Saretta (BRA) 6/1 e 6/4
Diego Hartfield (ARG) v. Gustavo Kuerten (BRA) 6/1 e 6/4
Younes El Aynaoui (MAR) v. Diego Hartfield (ARG) 7/6(6) e 6/3
Gustavo Kuerten (BRA) v. Flávio Saretta (BRA) 6/2 e 6/4

FINAL:
Guillermo Cañas (ARG) v. Younes El Aynaoui (MAR) 6/7(1), 6/4 e 10/5

Da redação

Publicado em 15 de Janeiro de 2007 às 15:48


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Artigo publicado nesta revista