Zebra?

As garras do próximo adversário de Roger Federer

O que mostra a saga do alemão Mischa Zverev antes de vencer o número 1 do mundo, Andy Murray, no Australian Open


Reprodução site oficial Australian Open 

Imagine que você é Mischa Zverev, 29 anos, uma carreira promissora como juvenil que acabou não deslanchando no profissional, jogando sua primeira partida como um dos dezesseis sobreviventes em um Grand Slam. Certamente isso não é pouco. Para tornar a tarefa ainda mais “impossível”, o adversário é apenas o número 1 do mundo, o britânico Andy Murray, nove títulos em 2016. Muito pouco provável que a tática de subir à rede que o alemão tem em seu DNA dê algum resultado contra um passador nato.

Agora, você, Zverev, está relaxando antes da partida e vai dar uma conferida nas bolsas de apostas, só por curiosidade. Você descobre que a sua cotação é 14,70 vezes mais alta que a do seu adversário, ou seja os apostadores estão acreditando que você tem menos de 7% de chance de vencer. Esse era o cenário que o canhoto alemão de forhand estranho encontrava antes da partida.

A parede 

Começa o jogo e então a tática do saque e voleio se revela não muito eficaz a princípio. Murray quebra Zverev no quarto game. Porém, demonstrando que não estava ali para tirar selfie no fim do jogo, Mischa quebra Murray logo no game seguinte. No oitavo game, o britânico encaminha o primeiro set com mais uma quebra. Porém, Murray vai cansando de bater a toda hora na “parede” que Mischa constrói na rede e o alemão vence os quatro games seguintes para fechar o set inicial.

Murray começa arrasador no segundo set, quebrando Zverev no segundo game e abrindo logo 3 a 0. Nos três games seguintes, somente quebras: duas de Zverev em cima de Murray e uma do britânico. Nos quatro games seguintes, confirmações de saques de ambos os lados. Vamos então ao 12º game e Murray joga como número 1 , quebrando Zverev “em 0”, igualando assim o jogo.

O terceiro set começa e todos na quadra central do Melbourne Park têm absoluta certeza de que a normalidade voltara e Murray venceria facilmente os sets seguintes. Porém, Mischa tinha outros planos: fiel à sua estratégia, ele quebra Murray no quinto (vencido a 0) e no sétimo game, fechando a terceira parcial com seu saque em 6-2. O mundo começava a ver o esboço de mais uma grande zebra na terra dos cangurus.

Cartão de visita 

Com a confiança no topo do ranking, Zverev já mostrou logo o cartão de visitas no primeiro game quarto set, quebrando pela oitava vez (!) Murray na partida, em 17 games sacados até então pelo britânico. Depois disso, a partida viu oito confirmações de saque, sem nenhum break point para qualquer dos jogadores. Chegava a hora da consagração do alemão: sacando em 5 a 4, Mischa Zverev não deu sopa para o azar e, com muita autoridade, fechou a partida em 3 sets a 1.

Depois de 118 idas à rede, o filho mais velho de Alexander Zverev Sr., ex-tenista profissional, e irmão do talentosíssimo Alexander Zverev, estava nas quartas-de-final do primeiro Slam do ano. Agora, a briga é contra o ídolo de Mischa, o suíço Roger Federer. As cotações continuarão a estar contra o alemão de origem russa, mas certamente o respeito do público quando ele entrar na quadra central neta terça-feira será outro. 

Por Rodrigo Soares

Publicado em 23 de Janeiro de 2017 às 19:04


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