Dos 8 aos 80, tênis para toda a vida

A prática esportiva melhora a qualidade de vida em qualquer idade e o tênis é uma boa opção para quem quer se manter ativo


As amigas Darcília Cardoso e Regina Pesso

Velhice, terceira idade, melhor idade. Com o tempo, as definições desta faixa etária - das pessoas que ultrapassaram a marca dos 60 anos - passaram de algo que lembrava a senilidade para algo que remete a momentos áureos. A expectativa de vida dos brasileiros aumentou e, com isso, a população idosa cresceu. Mas engana-se quem imagina que este, a cada dia mais numeroso, grupo de velhinhos se contenta em ficar sentado em casa esperando o tempo passar, deteriorando-se. Eles estão é em busca de qualidade de vida e encontram um pouco disso no tênis.

Tanto que clubes e academias estão repletos de senhores e senhoras que, mesmo ostentando suas cãs, praticam o esporte com o mesmo gosto que meninos. Muitos preferem a boa e velha dupla, em parceria com os amigos. Entretanto, há aqueles que estão sempre em busca de um desafio e adoram competir individualmente. Não importa a modalidade, a verdade é que eles rejuvenescem corpo e mente e vivem melhor, pois estudos médicos comprovam que a atividade física em conjunto com dieta saudável e bons hábitos aumentam a qualidade de vida dos idosos.

E engana-se quem pensa que a maioria dos velhinhos tenistas só joga porque aprendeu desde criancinha. Sim, há vários casos de pessoas que começaram quando as quadras eram extremamente escassas e o Brasil sequer havia tido Maria Esther Bueno. Mas, na verdade, grande parte iniciou "depois de velho".

Competição e diversão
No departamento de damas da Federação Paulista de Tênis, muitas senhoras só tomaram em mãos uma raquete já bastante adultas. É o caso de Darcília Cardoso, 67, que joga há "apenas" dez anos. "Adoro praticar esportes. O tênis é uma espécie de terapia para mim, que me faz muito bem", diz. Sua colega, Regina Maria Pesso, 61, iniciou um pouco mais jovem, aos 44. "Comecei por lazer, agora gosto de competir também e o esporte é a coisa mais importante que aconteceu na minha vida", revela.

Ambas se cuidam, pois já tiveram o desprazer de sofrer lesões com o tênis. "Já fraturei meu pé devido ao stress. Para evitar, costumo me alongar muito antes das partidas e me aquecer também", conta Regina. "Já tive uma lesão no menisco. Para me preparar, faço ginástica localizada, musculação e me alongo bastante antes das partidas", avisa Darcília. Contudo, outra colega, Maria Aparecida Marini, 64, - que foi levada ao tênis pelo seu glamour do esporte no fim da década de 60 - confessa: "Não realizo nenhuma preparação para jogar tênis", mas acrescenta: "Só alongo antes do jogo".

Para muitos, o espírito competitivo é uma grande motivação, tanto que estão sempre viajando atrás dos torneios. Se antes se dedicavam a outros esportes, principalmente ao futebol, agora preferem raquetes e bolinhas. São vários os que deixaram as chuteiras de lado, a maioria devido a lesões no joelho. No tênis, eles encontraram uma maneira de se divertir sem se machucar.

Foi no começo da década de 1980 que Sérgio Maeda, 61, resolveu parar com o futebol, pois sempre se contundia. "Foi a melhor coisa", revela. Começou a praticar tênis e: "Também parei de fumar". Ele conta que nunca teve lesão jogando o esporte. "Nunca me excedi. Não se deve correr além do que pode. A raquefotos: Luiz Pires te também precisa ser leve e a corda, de preferência, mole", aconselha.

José Augusto Fontes Rico, 64, é outro que adora a competição, faz uma preparação adequada e se preocupa, além disso, com o uso de materiais corretos e a boa execução de movimentos. "Tem que fazer o movimento correto. Tem que alongar, aquecer. Usar material adequado é importante, para evitar vibração no braço", garante. Gilberto Palombo, 64, também ama competir e diz que participa de mais de 20 torneios por ano. Ele afirma que é preciso estar bem preparado para jogar e nunca se machucou no tênis. Para finalizar, gaba-se: "E não tomo remédio".

raquefotos:

Para Ronaldo Louis Racy, 62, o tênis é uma "atividade física, lazer e social e uma paixão". Ele é um dos defensores da tese de que é possível praticar este esporte com qualquer idade. "Simples ou duplas, depende do físico", assegura. Racy joga quatro vezes por semana, "dentro dos limites". E se não há mesmo limite para o tênis, a senhora Neddy Poltronieri, 81, que o diga: "O tênis é tudo para mim. Comecei a jogar em 1953 e continuo até hoje, treinando duas vezes por semana. Pretendo jogar até quando puder". Haja vitalidade!

fotos: Luiz Pires
Ronaldo Louis Racy, Ezio Gavazzi, José Augusto Fontes Rico, Gilberto Palombo e Sergio Maeda são alguns dos que gostam de competir

Cuidado com a saúde!
O exercício faz bem tanto aos mais velhos quanto aos mais jovens, no entanto, com o avanço da idade, é preciso tomar algumas precauções. Uma avaliação médica inicial é importante para todos os homens desde os 40 anos e mulheres com mais 50, portadores de doenças crônicas (coronariana, pulmonar, diabetes etc) ou que possuem fatores de risco cardiovasculares (hipertensão, tabagismo, dislipidemia etc). Por sua vez, todos com mais de 60 devem se submeter à avaliação médica periódica e receber atestado de aptidão. Tomados estes cuidados, a prática esportiva traz benefícios físicos, como o aumento da elasticidade e massa muscular, fortalecimento da musculatura, melhora nas articulações, diminuição de perda óssea, aumento da capacidade pulmonar e oxigenação, além de baixar a pressão arterial e a glicose. Além disso, o exercício melhora a auto-estima e aumenta a socialização, algo tão importante nesta faixa etária.

Antes de se começar a praticar tênis ou qualquer outro esporte, é preciso seguir algumas recomendações, como usar roupas e sapatos adequados, beber líquidos antes do exercício, fazer exercícios somente quando se sentir bem, iniciar a atividade de modo lento e ir aumentando gradativamente, para permitir adaptação, evitar o fumo e uso de sedativos, alimentar-se até duas horas antes do exercício e respeitar os próprios limites.

Da redação

Publicado em 28 de Janeiro de 2008 às 14:06


Saúde/Nutrição

Artigo publicado nesta revista