Cuidados para a pré-temporada

Uma parte importante da pré-temporada deve ser reservada às avaliações fisioterápicas e multidisciplinares


Foto: Marcelo Ruschel/Poapress

SABE-SE QUE O TÊNIS envolve muitos golpes, exigindo do atleta precisão, velocidade e força na execução dos fundamentos. Sendo assim, quanto maior a demanda exigida pelo esporte, maior será o risco de os atletas sofrerem lesões. No final do ano, quando terminam as competições e torneios, é preciso analisar o que é necessário melhorar em relação à condição da saúde em geral e também a outros aspectos, como a técnica, tática etc. Tanto para os amadores quanto para os profissionais, faz-se necessário realizar um trabalho visando a recuperação, o aperfeiçoamento da técnica e a melhora do rendimento. Para isso, o melhor momento que esses praticantes têm para realizá-lo é na prétemporada.
A pré-temporada é o período em que os atletas são submetidos a treinos extremos focando mais a parte física no início (em dois períodos por dia) e, nas duas últimas semanas, iniciam os treinos em quadra. Um amador pode realizar um trabalho parecido, mas em menor intensidade.

O ATLETA COMO UM TODO

Assim como em outros esportes, o ideal é iniciar a pré-temporada com uma série de avaliações multidisciplinares, ou seja, o atleta passa por uma avaliação médica, fisioterápica, de condicionamento físico geral, nutricional e psicológica.
Após isso, cada profissional realiza a sua intervenção orientando o indivíduo para a melhora de sua condição e, dessa maneira, poder iniciar o trabalho de pré-temporada em plena forma.
É importante lembrar que, em uma equipe multidisciplinar, existe uma interação interdisciplinar, ou seja, uma comunicação entre esses profissionais. Se o indivíduo não se recupera ou não se alimenta adequadamente, por exemplo, ele não terá um desempenho satisfatório. Também é necessário refazer as avaliações periodicamente durante a temporada (semestralmente, por exemplo), para acompanhar a evolução do atleta e, assim, verificar se o método empregado está apresentando o resultado desejado. Atualmente, existem alguns centros especializados nesses tipos de avaliações.

Foto: Marcelo Ruschel/Poapress
A avaliação fisioterápica foca-se na amplitude de movimento de todas as articulações, equilíbrio muscular, resposta sensório-motora, flexibilidade e postura

FUNÇÃO DO FISIOTERAPEUTA

O fisioterapeuta tem uma função muito importante na pré-temporada. Como os indivíduos estão sendo submetidos ao extremo, precisam o tempo todo de um fisioterapeuta para auxiliá-lo na recuperação para o dia seguinte e também ajudar a diminuir o risco de sofrer alguma lesão.
Na avaliação fisioterápica, foca-se na amplitude de movimento de todas as articulações, equilíbrio muscular (principalmente os mais exigidos no esporte), resposta sensório-motora em diferentes níveis, flexibilidade e postura.

Como o tênis é um esporte unilateral, é importante lembrar que a assimetria corporal é uma adaptação do corpo ao esporte e, se o indivíduo não apresentar queixa por isso, é absolutamente normal. Dessa forma, elabora-se um programa de exercícios específicos para a melhora das condições que foram diagnosticadas durante a avaliação e que também servem para o trabalho de prevenção de lesão.
A fisioterapia dispõe de um vasto número de técnicas terapêuticas para auxiliar esse trabalho da prétemporada, como por exemplo:
Terapia Manual (Maitland, Mulligan, Cyriax, Osteopatia, Rolfing, entre outros);
Eletroterapia;
Massagem Esportiva / criomassagem;
Acupuntura;
Bandagens (funcional /kinesiotaping);
Hidroterapia / banho de imersão

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Foto: Marcelo Ruschel/Poapress
É necessário refazer as avaliações periodicamente durante a temporada

PREVENIR

O programa de prevenção tem como objetivo minimizar o surgimento de possíveis lesões, o tratamento das queixas decorrentes da sobrecarga dos treinos e a melhora da performance. Para isso, é imprescindível conhecer a biomecânica do esporte e manter uma relação próxima com o técnico ou o professor de tênis.
Portanto, independentemente do nível do esportista, seja ele amador, seja profissional, é necessário que haja o acompanhamento de uma equipe especializada, podendo ser de um mesmo centro ou não, minimizando assim os riscos à saúde que a atividade pode acarretar e até melhorando o desempenho do praticante.

Colaboradores:
Claudia Tamachiro, Lior Milgrom, Henrique Furlan, Fábio Cardoso e Felipe Summa Contato: ricardohtakahashi@gmail.com

Foto: Marcelo Ruschel/Poapress

INOVAÇÃO

Neste ano, o departamento infanto-juvenil da CBT iniciou um programa de avaliação inédito no tênis e no Brasil. A ideia, em um primeiro momento, é de avaliar os melhores atletas juvenis e, em um futuro breve, avaliar todos os juvenis. Com esses dados, poderá ser traçado o perfil dos atletas brasileiros, orientá-los em relação às suas principais necessidades e acompanhálos durante toda a sua formação para que, no futuro, esse atleta consiga atingir o seu melhor nível técnico, físico e mental.
O protocolo utilizado pela fisioterapia é o mesmo que a USTA está aplicando em todos os atletas juvenis e nos atletas profissionais. A boa notícia é que essas avaliações estarão ao alcance de todos os profissionais, ou seja, cada equipe em sua cidade poderá aplicar as mesmas avaliações e contribuir para o banco de dados. Importante: essas avaliações também servirão como critérios de seleção para a convocação da CBT para os eventos internacionais (representando o Brasil), o que não acontece hoje.

Ricardo Takahashi E Lior Milgrom

Publicado em 14 de Dezembro de 2010 às 13:00


Preparação Física/Fisioterapia

Artigo publicado nesta revista

2010 - o ano do Touro

Revista TÊNIS 87 · Janeiro/2011 · 2010 - o ano do Touro