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Coração de campeão

Coração de campeão

Marcelo Ferrelli/Inovafoto

QUANDO RAFAEL NADAL ESTEVE PELA PRIMEIRA VEZ NO BRASIL OPEN, em 2005, veio sozinho. Era um garoto robusto e tímido. Falava pouco, dava entrevistas olhando para o chão, mal articulava as palavras que saíam de sua boca. Limitava-se a jogar tênis, correndo de um lado para o outro da quadra, jogando as bolas com spin alto para o outro lado, aguardando seus adversários errarem. Ainda assim, ver sua garra e persistência espantosas deixava todos boquiabertos.

O tempo passou e Rafa largou as bermudas compridas e as camisetas regata, começou a falar mais, deixar a timidez de lado, aprendeu inglês, foi treinado para lidar com a imprensa. Ao mesmo tempo, seu jogo evoluiu, deixou de ser um mero passador de bolas para de nir as jogadas. Melhorou o saque e aprendeu a tirar um pouco do efeito da bola quando necessário. Além de ter se tornado imbatível no saibro, venceu todos os Grand Slams e entrou para a história do esporte.

Oito anos depois de sua primeira passagem pelo Brasil, retornou como um grande ídolo. Porém, um ídolo que entende as limitações de seu corpo e agora fala abertamente sobre isso. Em 2007, em sua primeira cobertura in loco do US Open, a Revista TÊNIS, durante uma coletiva de imprensa, havia perguntado ao espanhol sobre as proteções que usava nos joelhos e a resposta foi evasiva. Mais tarde, as dores no local provaram-se quase insuportáveis, a ponto de Rafa abdicar de parte das temporadas seguintes.

Em 2012, o joelho voltou a incomodar e, em seu retorno, Nadal não tem receio de dizer que está indo com calma, avaliando a evolução dia a dia e, mais do que isso, admitindo que joga com muitas dores, o que, às vezes, o atrapalha. Não foi o caso nesse Brasil Open. Apesar de se sentir incômodo durante as partidas, isso não o impediu de vencer o torneio com certa facilidade.

Amadurecido tanto mental quanto tecnicamente, o tenista soube controlar seus adversários. Se os golpes ainda não estavam 100% precisos, já davam conta do recado. Rafa mostrou o que um jogador top é capaz de fazer, mesmo não estando no ápice da forma. Ele venceu e deu mais um passo para a recuperação da con ança, mas a trilha parece ser longa.

Assim, nesta edição, aproveitamos o Brasil Open para mostrar o que Nadal faz de melhor e também para ter uma aula de duplas com Bruno Soares, tricampeão do torneio. Isso e muito mais você vê nas próximas páginas.

Bom jogo!
Arnaldo Grizzo e Christian Burgos


Editorial

Artigo publicado nesta revista