Brasil Open reanima Guga

Cañas ganhou e a surpresa foi a atuação do catarinense


MAIS UM ANO de Brasil Open - o sétimo - e mais um ano de ótimo tênis disputado nas quadras de saibro da Costa do Sauípe, na Bahia. No aspecto operacional, acho que este se trata de um dos eventos mais complexos realizados no Brasil, pela distância dos grandes centros, pelo grande número de convidados, pessoal de staff, que vai desde a organização até juízes, juízes de linha, boleiros, pessoal de manutenção de quadras e equipamentos, toda a imprensa, etc...

Mas, como sempre, salvo algumas intempéries, tudo correu bem e, mais uma vez, o resultado final é positivo. Um evento tão importante como esse (que é o único torneio do circuito da ATP no Brasil), fomenta nosso esporte e tem um valor inestimável no auxílio ao mercado do tênis no País como um todo.

CHUVA DURA

A reputação da competição realizada na Bahia é de ser um torneio que exige muito dos jogadores principalmente nas áreas física e mental. Mas 2007 foi um ano, particularmente, de muita chuva em Sauípe, o que acabou amenizando as coisas por um lado. No entanto, o acúmulo de jogos nas rodadas finais (todas as partidas das quartas-de-final e das semifinais foram disputadas no sábado devido ao mau tempo durante a semana) também acabou exigindo muito do físico dos atletas.

Falando em chuva, nesses momentos existem dois tipos de pessoas: as que reclamam e as que vendem guarda-chuvas. Certamente o argentino Guillermo Cañas faz parte deste segundo segmento. Mais uma vez, Cañas passeou em quadra e mostrou que ter ficado afastado das quadras por mais de um ano - devido à punição que recebeu por doping em meados de 2005 - não serviu para deprimi-lo, mas, sim, para motiválo. Assim como aconteceu no Aberto de São Paulo, challenger realizado no Parque Villa-Lobos no início do ano, o argentino venceu o torneio baiano sem perder nenhum set em todas as cinco partidas e provou estar pronto para voltar a jogar os maiores torneios do mundo e vencê-los.

GUGA DE VOLTA

Agora a melhor surpresa do evento foi, sem dúvida, a atuação do Guga na Costa do Sauípe. Foi a primeira vez, desde o seu retorno às quadras após a segunda cirurgia no quadril, que o nosso grande ídolo mostrou que ainda tem "lenha para queimar". É claro que ainda falta reaprender a dosar melhor a energia, mas, com uma maior seqüência de jogos e competições, acredito que logo este problema será sanado.

O jogo das oitavas-de-final no Brasil Open contra o Saretta, aliás, foi de primeira linha, ou "da diretoria", como diria um dos meus maiores fregueses, Julio Góes. Essa partida mostrou que o Guga está mesmo de volta ao jogo. Bom para ele e melhor para nós que adoramos vê-lo jogando o tênis que o consagrou. Mas, seria injusto de minha parte não enaltecer a atuação madura e focada do Saretta durante toda a competição baiana. O garoto tem muito potencial e, mais maduro, pode terminar a temporada entre os 50 melhores do mundo novamente, como já fez em 2003. Torcida não falta.

Até a próxima e lembre-se: beba com moderação, mesmo que seja um bom vinho...

Dácio Campos foi tenista profissional e titular do Brasil na Davis. Atualmente trabalha como comentarista do SporTV.
Dácio Campos

Publicado em 13 de Março de 2007 às 08:16


Coluna/Análise

Artigo publicado nesta revista